Somos emigrantes
Somos imigrantes
Em qualquer lugar, migrantes
Em nosso lar, somos!
Ser migrante é um estado de espírito.
É pisar na Terra do contra e das adições.
Campo minado de bombas de saudades
Ban, ban, banzo!
A incerteza é a mais segura de si.
Eu sei.
O futuro ao passaporte se entrega
Qual o prazo de validade?
Já o passado, lá na frente se espera.
Um dia, eu volto.
Eis que chega a razão e metralha:
– Se pensas assim, por que já não voltas?
– Mas voltar pra onde, se já não há o que foi? Dispara o coração.
E a razão detona:
Pensa em volta como ida.
Por sinal, seria uma renova
Passos largos nessa revolta
Tens cacife pra viravolta?
Se gostares de desafio, pensa na volta como prova
E então, estás pronta agora?
Oh! Dona Razão, nunca pensei que fosse tão fácil tal decisão!
Por isto não vou agora, não.
Se posso ir a qualquer hora
Sem precisar do seu sermão!
Já que posso ir, fico.
Não quero te causar constragimento.
Mas de migração, entendo eu e sem arrependimento!
Danielli Cavalcanti
P.S.: Escrevi este texto depois de ler o Canto dos emigrantes! ❤
Salve Alberto da Cunha Melo!
P.S. do P.S.: A foto é de Arno Smit.