Leitura do “Quando eu outono, tu primaveras”, em Linz

No dia 6 de maio de 2018, às 18h00, no barco Florentine, em Urfahr, Linz, na Áustria, apresentei meu livro Quando eu outono, tu primaveras.

A Leitura foi realizada por Cláudia Lima e por mim. O show musical, sim foi um show, ficou por conta de Thatiana Gomes e Gabriel Moraes. A organização do evento foi da CABRA, Casa Aberta Brasil Áustria, de Cláudia Lima.

Leitura Quando eu outono

À esquerda, o baixo de Gabriel Moraes, Cláudia Lima, eu, o Danúbio lá fora e o público à nossa frente e Tati ao lado de Gabriel.

 

Esta é a segunda leitura que fazemos neste lindo barco atracado no Danúbio. Esse rio que já me foi confidente, fiz um poema pra ele no livro Flor de Linz.

Um rio faz parte da cidade por onde ele passa, assim faz parte da vida de suas moradoras. Em 2013, houve uma enchente no Danúbio, vi o barzinho Roter Krebs ficar com água até pela metade, do outro lado, em Urfahr o parquinho, que minha filha brincava (onde fica a casa do Sapo Sapeka do meu livrinho Sopa de Sapo), e as árvores da beira do rio ficaram totalmente encobertas pela água. Como ex-moradora da cidade, fico feliz, quando vejo o Danúbio tranquilo seguindo seu rumo até o Mar Negro.

Como migrante, a simbologia de estar num barco atracado no Danúbio, me é muito forte. Por isto, após a leitura do Flor de Linz, em 2016, neste mesmo barco, fiz um poema chamado Um barco é um mundo.

O livro que lançamos agora, o “Quando eu outono, tu primaveras” é um livro de poesias diaspóricas, que escrevi durante esses dois anos morando na Dinamarca.

É sobre o viver em uma sociedade de migração.
É sobre a silenciosa linguagem que nos acaricia e machuca.
É sobre o desafio de nos sentirmos em casa, apesar do empenho de algumas pessoas em nos dificultar isso.
É sobre integração, que nos enfeitiça, nos transforma e nos rechaça.
É sobre superação.
É sobre esse vento migratório, que poliniza, polimiza, politiza, poetiza… e não tem muro que o retenha.

A leitura foi muito emocionante, eu estava arrodeada pelas amigas e amigos, pelas pessoas conhecidas que me apoiam nessa empreitada literária e outras que tive o prazer de conhecê-las nessa tarde ensolarada. Ao que parece, até as águas do Danúbio também estavam emocionadas, balançando o barco pra lá e pra cá. Principalmente, depois que conversamos sobre ser mãe e filha/filho na migração. No público havia mães sozinhas, mães acompanhadas, mãe segurando a mão de seu filho, mãe carregando o bebê ainda na barriga, mães longe das filhas, filhas longe das mães. O Danúbio não aguentou o peso da saudade. E nós mães e filhas na migração nos prometemos nos reencontrar para falar de nós!

Luzenir

Luzenir me deu o abraco que minha mae nao pode dar, por estar do outro lado do Atlântico (nao que ela tenha a idade pra ser minha mae, mas tem a atencao, o carinho, o abraco, o beijinho)

eu e Dé

Débora Leao – professora de português,  que levou o alunado para uma aula diferente: nossa leitura!

Rei, eu e Manu

Rei, eu e Manu – casal amigo que a migracao me deu o prazer de conhecer há tempos

Tati e Gabriel

Thatiana Gomes e Gabriel Moraesaqui, aqui e aqui estao vídeos desse casal que toca muuuuito!

Em toda leitura digo a mesma coisa: as pessoas poderiam estar onde quisessem e escolheram estar ali prestigiando o nosso trabalho, isto muito me honra e alegra.

Por isto, só tenho a agradecer e esperar que ao término, elas voltem felizes para casa, por terem estado um tempinho de suas vidas conosco, refletindo sobre as estações da migração: vivendo entre outonos e primaveras, ultrapassando invernos e continuando a sonhar, pois assim elas verão.

Danielli Cavalcanti

P.S.: Se você quiser adquirir um exemplar do “Quando eu outono”, do “Flor de Linz” ou do infantil “Sopa de Sapo”, por gentileza, contacte-me: jardimmigrante@hotmail.com

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