De onde saí, fui verbo
Onde estou, interjeição!
De onde saí, fiz estreias
Onde estou, ensaios
De onde saí, sou filha
Onde estou, mãe?
De onde saí, tenho identidade
Onde estou, permissão
De onde saí, houve demolições
Onde estou, desconstruções
De onde saí, chamo carinho de mãe, rosa, margarida, colibri e beija-flor
Como estou aprendendo os nomes das flores?
De onde saí, sinto o clima temperado
Onde estou, insosso e gelado
De onde saí, me esforcei
Onde estou, nunca é suficiente
De onde saí, carreguei bagagens
Onde estou, monto estantes ora conflitantes, ora reconfortantes
E cruzo, constantemente, as fronteiras do que não mais é com o que nunca será.
Ainda bem que a bússola da vida se orienta pela utopia.
Livro É sempre outono na migração
Danielli Cavalcanti
Photo by Lonely Planet on Unsplash