A marcha colorida segue a pé para o mundo acinzentado
amedrontado, aerotransportado, amesquinhado
Se chegará, isso não importa
Sua luta não é para abrirem a porta
Nas malas, fotos, agasalhos e asas
Nos pés, terra e coragem
No coração, fome
A peregrinação segue lavrando o caminho desandado
Não, eu não disse lavando
“O caminhar se faz caminhando”
Pois é de sangue, lágrima e suor que é composto o arado
Um caminhão pára para transportar a dor e o desespero
Ele já vinha carregando o descaso e o desapego
E se abastece de esperança
Única alternativa nessa andança
A marcha migrante é a mancha emergida
das terras encharcadas de sangue, lágrima e suor
Que clamam para serem ouvidas
E nao mais de injustiça tingidas
Danielli Cavalcanti
Foto: Marco Ugarte/AP Foto.